INDOMÁVEL SONHADORA – Beasts of the Southern Wild
Opinião
Hushpuppy sonha acordada com seres imaginários, vive o universo infantil à sua maneira; é indomável na garra e na luta pela sobrevivência, da maneira com que seu pai ensinou. Na marra. É preciso sobreviver à enchente, encontrar no território ilhado da “banheira” tudo que precisam, não desistir, não ceder, apesar de tudo e todos serem contra. Hushpuppy é protagonizada por Quvenzhané Wallis, que na época das filmagens tinha apenas 6 anos. Novata e brilhante.
A escolha do elenco é fundamental para que Indomável Sonhadora tenha essa áurea de ilusória felicidade e tenebrosa realidade. Hushpuppy vive em uma área constantemente alagada. Seu pai doente (o ator também novato Dwight Herry) resolve ensinar a menina a viver sem ele, mesmo que para isso tenha que ser rude, áspero, cruel. E essa sinergia entre a aspereza deste pai, do meio ambiente e da sociedade são capazes de levar os habitantes desse pântano à loucura, mas não ao desespero.
Indomável Sonhadora é um lindo filme. Humano e triste. Esta pequena comunidade ilhada fica no meio de uma barragem, que remete às localidades que foram inundadas com a passagem do furacão Katrina em 2004, em Louisiana. Alheio à condição miserável de seus habitantes, as autoridades ignoram sua condição. Alheios ao descaso das autoridades, os habitantes lutam com unhas e dentes por aquilo que consideram lar e ainda encontram alegria de viver. Nem que seja no imaginário. O diretor insere elementos fantásticos e um barco carregado de analogias, Hushpuppy (indicada ao Oscar de melhor atriz) narra e vive intensamente a história da sua vida, e assim a realidade, por vezes, se torna menos palpável. Só por vezes.


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