SETE DIAS COM MARILYN – My Week with Marilyn
Opinião
Em agosto de 2012 faz 50 anos que Marilyn morreu. Mesmo para quem veio depois de sua morte, que é o meu caso, a sua imagem é fortíssima, marcante, única, um ícone. Não há outra Marilyn. Nem outra com a dimensão da sua fama, beleza e capacidade de atrair a atenção – feminina, também, diga-se de passagem. Portanto, eu diria que apresentar Marilyn Monroe (1926-62) é chover no molhado. Mesmo para quem não sabe direito em que filmes atuou, quantos casamentos teve, por que morreu tão jovem aos 36 anos, por que vivia tão deprimida, por que a vida não lhe dava paz – aquilo que ela mais queria – para continuar usufruindo com tudo aquilo que a vida lhe deu de bandeja: fama, dinheiro, sucesso.
Não há outra Marilyn, é verdade. Mas Michelle Williams (também em Namorados para Sempre, Ilha do Medo) consegue parecer Marilyn de fato. Em Sete Dias com Marilyn, que estreia dia 27 de abril nos cinemas, a atriz conseguiu incorporar o que para mim é o que mais me chama atenção na diva: o olhar dúbio, ao mesmo tempo poderoso e extremamente carente.
Não se trata de uma biografia – o que é bem interessante. São somente sete dias que conseguem nos mostrar essa faceta em que, antes de ser atriz, Marilyn é uma mulher como todas nós, com seus medos, inseguranças e dúvidas. Em somente sete dias a vida do jovem e rico aspirante a produtor Colin Clark (Eddie Redmayne, também em Os Pilares da Terra) muda completamente. Assistente do famoso cineasta e ator Laurence Olivier (Kenneth Branagh), ele trabalha na filmagem de O Príncipe Encantado (The Prince and the Showgirl) em 1956. Encanta-se com Marilyn e vive com ela esses sete dias mágicos e irreais, quando seu marido, o dramaturgo Arthur Miller, volta para os Estados Unidos. Colin Clark conta sua experiência no livro The Prince, the Showgirl and Me (sugestivo, o título), mas só revela esta semana fatídica mais tarde em livro homônimo, agora adaptado para o cinema.
Além de plasticamente muito bonito e até poético, o filme é uma viagem no tempo, principalmente para quem não tem a filmografia de Marilyn fresca na cabeça, nem paciência (ou vontade) de assistir a seus filmes. Este vale a pena. Para mim, soou perfeita a observação que um dos personagens faz sobre seus atrasos, sua postura egocêntrica, frágil e conturbada no set de filmagens. Marilyn seria uma estrela, que tenta ser uma grande atriz. Daí a dificuldade dos grandes atores lidarem com ela, porque talvez nunca cheguem ao patamar de estrelas. Ela brilha, mesmo na sua insegurança indiscutível. E Michelle Williams, que venceu o Globo de Ouro pelo papel, foi muito corajosa em aceitar tamanha responsabilidade. Afinal, não há duas Marilyns.
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