EXPOSIÇÃO – CARLOS CRUZ-DIEZ: A COR NO ESPAÇO E NO TEMPO

Opinião
Parem tudo e corram para ver a obra de Cruz-Diez na Pinacoteca – dizia a chamada no Facebook. Uma simples olhada no Google já me disse que era preciso ver de perto. As imagens que ilustram este comentário são somente isso mesmo: ilustrativas. Não transmitem nem um pingo daquilo que é ver a obra ao vivo. E não é para menos. Com 88 anos, Cruz-Diez começou sua carreira pesquisando as cores, suas variações e propriedades, para produzir obras que interagem com o espectador. Por isso, vá. O programa é sempre muito bom, com gosto de museu internacional, um bom café e uma arquitetura, que recepciona as obras, que tem a cara de São Paulo. No que a cidade tem de melhor, claro.
Voltemos ao venezuelano, que entende a sua arte como algo vivo, variável, transformador. São dele a maioria (senão todos, não me lembro) os textos que acompanham as obras expostas na sala da Pinacoteca. Através deles o artista recorda como começou sua pesquisa cromática, a importância da interação do público com sua obra e a necessidade de “narrar a sua época”. Mas era preciso encontrar e desenvolver uma técnica inovadora. A ideia era não fazer mais do mesmo. “Para mim, cada pincelada sobrea a tela contém uma mensagem emocional que precisa ser comunicada ao espectador”, diz o artista. “Penso que a cor é capaz de transmitir mais impacto emocional do que qualquer outra ferramenta ao alcance de um pintor”, completa.
De fato, o que Cruz-Diez desenvolveu é de uma beleza inquestionável, principalmente no quisito interação. A obra depende de nós, espectadores. Quando dei por mim, estava praticamente debruçada sobre os quadros, tentando desvendar de onde vinham aquelas cores e efeitos visuais que eu via quando me afastava. São as chamadas Fisicromias, com evoluíram no decorrer dos 50 anos de pesquisa. Com o fundo colorido de listras ou formas, cobertos por finas tiras de madeira, papelão e mais tarde de PVC transparente de diversas cores e alumínio, até o uso da tecnologia digital, o efeito visual muda completamente. Tudo depende do olhar, da posição do espectador, da incidência de luz – e eu diria, até da pré-disposição de quem vê a obra. Como afirmou Mari Carmen Ramirez, curadora da exposição, “a premissa para suas investigações cromáticas implica a natureza instável da cor. Para Cruz-diez, ela não é um pigmento depositado sobre uma superfície sólida, mas uma situação resultante da projeção de luz natural sobre os objetos e do modo como essa luz é processada pelo olho humano.” Depende também do humor? Se a cor é instável, por que não?
Acho que sim. A ideia é sugerir, instigar. Iluminada e até mágica – com obras que parecem trompe d’oeil, produzem a sensação de movimento e embaralhamento da visão. Como ondas coloridas, repletas de energia e emoção.
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PROGRAME-SE:
CARLOS CRUZ-DIEZ: A COR NO ESPAÇO E NO TEMPO
De 14 de julho a 23 de setembro
Pinacoteca do Estado de São Paulo – Praça da Luz, 2 São Paulo, SP – Tel. 55 11 3324-1000
Terça a domingo: das 10h às 17h30, com permanência até as 18h
Às quintas: até as 22h; entrada franca das 18h às 22h
Sábado: entrada franca
Ingresso combinado (Pinacoteca e Estação Pinacoteca): R$ 6,00 e R$ 3,00
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