OS VISITANTES – Die Besucher

Cartaz do filme OS VISITANTES – Die Besucher

Opinião

Ao ver Os Visitantes, impossível não lembrar de Estamos Todos Bem, o original italiano com Marcello Mastroianni, e da adaptação americana com Robert De Niro, Estão Todos Bem. A cena do pai deslocado e distante que sai de casa para visitar os filhos que, já adultos e teoricamente responsáveis por suas vidas, moram em outras cidades, é a marca desses filmes. Mas não só isso. O que marca é o distanciamento da família com o passar do tempo, a indiferença que camufla a frustração e a tristeza de ter a família afastada, o tempo que passa e nem nos damos conta. Será que não é tempo de agir, lavar a roupa suja e juntar aquilo que um dia foi chamado de “família”?

Jakob, pai de três filhos que moram em Berlim e já não vê há anos, resolve visitar os filhos para lhes contar  algo importante. Chega de surpresa e, claro, pega todos despreparados para uma visita tão inusitada. Nas conversas e encontros, o único em comum são mágoas, situação mal resolvidas no passado, palavras não ditas e muito sentimento não demonstrado. Diante da dificuldade da nova situação financeira, as mentiras, podres, traições veem à tona e são o gatilho para a crise que viria mais cedo ou mais tarde.

Simples e singelo, o filme Os Visitantes têm esse nome porque é isso que os filhos achavam que seu pai era: um visitante dentro de casa, alguém isolado, ausente e indiferente. E visitantes eles também se tornaram, não só na vida dos familiares, mas nas suas próprias. Bonita visão dessa difícil relação familiar, que vai criando particularidades que o tempo aguça e trata de enrijecer cada vez mais. Bonita visão do olhar externo, da namorada que se sente sim confortável, acolhida. Mais uma amostra de que a sujeira colocada debaixo de tapete durante a vida causa mágoas difíceis de serem esquecidas. Cuidar. Juntar forças. Talvez sejam essas a palavra de ordem que aparecem nas cenas finais. Dizem que os amigos são a família que escolhemos. Eu diria que a família são os amigos em potencial que recebemos de bandeja.

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