TERAPIA DE RISCO – Side Effects
Opinião
Tudo o que se quer numa terapia é não correr riscos, não ter efeitos colaterais (como diz o título original). Já bastam aqueles inerentes, que perturbam e nos levam ao divã. Mas não é o que acontece. Ameaçada por seus próprios fantasmas, Emily entra em depressão. Seu marido ficou preso por alguns anos por favorecimento ilícito no mercado financeiro e ela não consegue superar o trauma. Ele volta à sociedade, mas ela se afunda, a ponto de acelerar o carro contra um muro e não conseguir conviver em sociedade.
Para se tratar, Emily cai nas mãos do bem sucedido terapeuta Jonathan Banks, que tem uma certa reputação no mercado, atende em um consultório chique, circula bem entre os executivos da indústria farmacêutica, mas também enfrenta o mal do século em casa, já que sua esposa está desempregada e também deprimida.Fragilizada, Emíly (Rooney Mara) precisa de medicamentos para superar a crise, justo no momento em que Jonathan (Jude Law, também em Anna Karenina, 360, Um Beijo Roubado, A Invenção de Hugo Cabret, Closer – Perto Demais) aceita dinheiro de uma empresa para testar o remédio Ablixa em seus pacientes. Emíly é medicada e tudo isso é acompanhado por sua antiga terapeuta, a Dra. Victoria Siebert (Catherine Zeta-Jones).
Esse desenrolar é a primeira parte da história, uma maneira de o diretor Steven Soderbergh (também de Contágio e da série 11 Homens e Um Segredo) apresentar os personagens, representativos de uma sociedade que vive correndo atras de dinheiro a qualquer custo, mas que nem por isso fica satisfeita. Em todas as esferas, a depressão ataca de forma implacável. E o que é consumo pura e simplesmente de bens materiais e do sonho americano, vira consumo de sonhos em formas de medicamentos, para camuflar o desânimo, a frustração, a sensação constante de estar deprimido.
Isso posto, o que se desenrola é surpresa. E surpresa mesmo, porque o filme dá uma reviravolta e ganha ares de investigação, vingança, suspense, de quem já não tem mais nada para perder. O que parece ser, já não é mais, se transforma, e vive-versa. Terapia vai, terapia vem e a gente não sabe mais quem manipula quem. Rooney Mara fisicamemte não lembra em nada sua personagem da série Millenium, porém mais uma vez fica bem no papel da moça descontrolada e dissimulada. Não é todo dia que se tem o privilegio de ser paciente de Jude Law. Melhor aproveitar a oportunidade – e isso ela conduz com muito talento. Levando em conta, é claro, que quem dirige Terapia de Risco é Soderbergh (que diz encerrar sua carreira com este filme), a produção ganha um ritmo especialmente acelerado, sem ser evasivo, sugestivo, sem ser conclusivo, e um desfecho com muitos efeitos colaterais.
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