O LOBO ATRÁS DA PORTA
Opinião
Como tem gente maluca nesse mundo. Fiquei sabendo que a história deste filme é baseado na realidade depois que o filme terminou e algum jornalista soprou a informação na saída do cinema. Nem me impressionei. Vide o que temos visto nos últimos tempos (filho que mata pai, mulher que esquarteja marido, madrasta que mata enteado) parece até lugar comum a história da mulher abandonada que sequestra o filho do ex-amante. Soa uma banalidade… Como tem gente louca.
Aconteceu mesmo nos anos 1960 e a mulher ficou conhecida como a “fera da Penha”, em referência ao bairro da periferia do Rio – aliás, vemos a lavagem da escadaria da Igreja da Penha em uma das cenas. E, pra falar a verdade, a conclusão de que tem realmente pessoas totalmente desequilibradas e macabras pode ser feita graças à atuação de Leandra Leal (também em Bonitinha, Mas Ordinária, Estamos Juntos, Mato Sem Cachorro, Zuzu Angel). Porque é real mesmo. Impecável no papel da mulher que alimenta a relação com o amante (Milhem Cortaz, também em Alemão, Tropa de Elite, Assalto ao Banco Central), mas se sente contrariada quando ele se nega a deixar a família para ficar com ela, Rosa (Leandra) consegue ter duas caras: a boa moça, que se aproxima da esposa do amante e se finge sua amiga; a maquiavélica, que bola um plano macabro, sem que isso a cause qualquer remorso.
O suspense é bom e começa com Bernardo prestando depoimento, após o sumiço da filha. Aos poucos os personagens são delineados, inclusive Sylvia, sua esposa (Fabíula Nascimento, também em S.O.S. Mulheres ao Mar, Bruna Surfistinha, Estômago) e o clima de terror e absurdo vai se mostrando aparente, sem ser óbvio, enlouquecido, sem ser frenético. Tem uma pseudo calma, típica dos psicopatas que arquitetam suas estratégias nos mínimos detalhes e com um cinismo difícil de desvendar. Já cansei de dizer aqui no blog o quanto sou fã dos filmes nacionais que têm propósito, mesmo que seja fazer rir (que mal há em uma boa comédia?). O Lobo Atrás da Porta é bem isso: conta uma história de horror e terror e deixa para o espectador o julgamento. Maluca é pouco para Rosa.
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