GANDHI
Opinião
“Se adotarmos o princípio do ‘olho por olho’, toda a nação ficará cega.”
Mahatma Gandhi
Não que o filme Gandhi precise de um incentivo para ser revisto. A trajetória de Mahatma Gandhi é tão importante para o contexto da Índia de ontem e de hoje, que deve fazer parte do repertório de todos. Mas o que me levou a revê-lo foi o fato de ter lido há pouco o romance O Sári Vermelho (de Javier Moro – ver em Dicas Afins), que conta a história da italiana Sonia Gandhi, nora de Indira Gandhi. É bom dizer que não há parentesco entre Mahatma Gandhi e Indira – é apenas uma coincidência. Mas todos eles fazem parte da história da Índia e é muito interessante cruzar os fatos e fazer associações com todo esse material.
Vamos ao filme: Gandhi morre já na primeira sequência. Depois disso, o diretor Richard Attenborough conta a história do homem que tinha convicção de que libertaria a Índia da colonização inglesa sem pegar em armas. Retrata como Gandhi fica indignado com o racismo e a injustiça ainda quando era um jovem advogado na África do Sul. Mostra sua forma de pensar, a importância do “agir” e do protesto com intuito de instigar a reflexão.
Ganhador de 8 Oscares em 1983, Gandhi é magistralmente interpretado por Ben Kingsley (também em Fatal e A Ilha do Medo). Além de toda a sua postura de não-violência (“não há caminho para a paz; a paz é o caminho”), é muito interessante lembrar as consequências da Índia independente. Assisti ao filme na semana em que terroristas paquistaneses foram responsáveis por tentativa de atentado nos Estados Unidos. Fica a pergunta sobre a eficácia da criação do Paquistão naquela época, a eficácia da separação de muçulmanos e hindus, a dificuldade de conciliação entre povos, raças e religiões sempre que há uma mudança no comando de uma nação.
Segundo Gandhi, uma religião que não cuida das questões práticas e não ajuda a resolvê-las, não é uma religião. Aqui, as crenças funcionaram como verdadeiros barris de pólvora. Pena que sempre tenha sido assim.
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