NÃO MEXA COM ELA – Working woman
Opinião
Orna tem três filhos e precisa trabalhar pra ajudar o marido, que está num momento difícil em seu empreendimento novo. Consegue se recolocar profissionalmente, ganha dinheiro e reconhecimento, mas é assediada sexualmente pelo chefe. Não Mexa Com Ela é israelense, mas poderia ser de qualquer nacionalidade – o problema é universal e todos nós somos parte dele.
Liron Ben Shlush é primorosa no papel da mulher que tem consciência da importância do seu papel de mãe e esposa, mas que se sabe competente profissionalmente. Seu marido segura a onda com a casa e filhos enquanto ela vai trabalhar e ela se vira pra equilibrar as funções. Estimulada com os desafios e com o reconhecimento, logo percebe que Benny, seu chefe, avança o sinal, e vai mostrando o incômodo quando ele exerce seu poder masculino como uma arma de pressão psicológica. Pressão crescente, uma chantagem velada. Dentro da visão masculina de que a ascensão de Orna no trabalho está diretamente ligada ao fato de ela se render aos seus assédios, Benny vai amarrando a subordinada com dinheiro e poder, tecendo uma teia de medo que paralisa. Medo de perder a família, de acabar o casamento, de ficar sem dinheiro, de não conseguir sair da armadilha.
O trabalho da diretora Michal Aviad é cuidadoso, deixando as reflexões sobre o medo bem evidentes. Sobre o preço que se paga, sobre o abuso de poder, sobre ser canalha e dissimulado. Atenção ao figurino – detalhe importante dentro daquela prerrogativa de que a roupa que se veste justifica o assédio. Uma inversão perversa do dono da culpa.
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