JURADO Nº 2 – JUROR #2
Opinião
Todos temos nossas convicções e é bom que seja assim mesmo. Mas a pergunta que fica com JURADO Nº 2, o que dizem ser o último filme de Clint Eastwood, é: conseguimos mantê-las de pé quando nossas vidas estão em jogo?
Esta também é a pergunta que fica com o filme francês A ACUSAÇÃO, de Yvan Attal, com Charlotte Gainsbourg. Para julgar o outro nos respaldamos nas nossas convicções; quando os envolvidos não são mais os outros, a balança se desestabiliza e o que parecia uma certeza, cai por terra e ganha outros parâmetros.
Interessante nesses dois filmes pensar nos títulos: o primeiro já traz a noção do julgamento, da nossa capacidade de julgar de acordo com parâmetros previamente combinados e aceitos na sociedade; no segundo, o título original nos lembra que somos imperfeitos enquanto seres humanos. Tão imperfeitos a ponto de nos moldarmos de acordo com os interesses mais íntimos: “Les Choses Humaines”, as coisas humanas de que somos capazes.
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Tudo isso pra dizer que Justin, o protagonista, é o jurado nº 2 de um crime classificado como homicídio. O réu é o ex-companheiro da vítima; as circunstâncias são duvidosas. Entrar nos meandros das conversas, ponderações e argumentos dos jurados é o que traz diversas reflexões. Mas não só isso: promotoria e acusação também têm suas questões de ética e interesses envolvidas no processo profissional de assumir lados opostos. É filme de tribunal, mas representa nossa postura diante da vida de uma maneira geral.
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Clint Eastwood faz um filme lúcido, perspicaz e sucinto no auge dos seus 94 (!!) anos. Notável. É como se fosse ele um observador de nós, simples mortais, examinado todas as nossas contradições, ambiguidades e incoerências. Coisas de seres humanos, como diz o filme francês, que o oscila entre a verdade e a justiça, como bem disse Justin.
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