SIRÂT

Cartaz do filme SIRÂT

Opinião

SIRÂT significa, em árabe, o ponto entre o inferno e o paraíso. O filme se passa bem ali. Ora a música eletrônica de uma rave é ensurdecedora, ora o silêncio é pacificador; ora o medo do abismo e da imensidão do deserto dominam, ora a beleza e a camaradagem conquistam.

“Como seres humanos, estamos fraturados”, diz o diretor Olivier Laxe na coletiva de imprensa. “Os personagens vivem em situação vulnerável e fazem uma viagem física pelo deserto do Marrocos, mas também — e principalmente — metafísica, interior.”

Isso porque a filha de Luis desapareceu e, junto com Stéban, seu filho, a procuram numa rave do deserto. Encontram a trupe nômade de viajantes que vai mudar completamente a viagem pela Cordinheira do Atlas.

SIRÂT desconstroi expectativas. Propõe um elenco não-profissional, atores que vivem o que representam, se conecta com a falta. Trazem a verdade das cicatrizes de cada um. Aprendi que a música rave não é para escutar, como disse a personagem, mas sim para dançar. E eles dançam, num filme que parece, segundo Laxe, um “Mad Max pré-apocalíptico”. Verdade, porque fraturado já estamos.

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