ONDE ESTÁ A FELICIDADE?
Opinião
Semana passada fui assistir à pré-estreia de Onde Está a Felicidade?, que entra em cartaz dia 19 nos cinemas. Bruna Lombardi estava lá e foi de sala em sala dizendo que o objetivo do filme era fazer as pessoas mais ‘felizes’. Isso já faz uma semana e eu ainda estou me perguntando o que ela quis dizer com isso. Perguntei, quando a entrevistei por telefone, se o objetivo do filme era divertir, fazer rir — tirei o foco dessa coisa de ‘felicidade’. E ela enfatizou que, além das pessoas chorarem de rir durante o filme (homens e mulheres, que fique bem claro), elas saem realmente mais felizes. Parece, dizem alguns, que Almodóvar serviu de inspiração para essa coprodução espanhola, considerado o melhor longa de ficção pelo júri popular em Paulínia. Mais uma coisa que eu não consegui entender.
Em primeiro lugar, e passada uma semana, ainda não consegui achar graça em seu roteiro, nem na direção de seu marido, Carlos Alberto Riccelli. Extremamente simpática por telefone, não conseguiu me convencer de que as cenas são engraçadas, de que ‘homens e mulheres se identificam com os personagens’, de que houve um envolvimento incrível de toda a equipe com o projeto, etc, etc. E a proposta não é de todo ruim: fala de Teodora, personagem de Bruna, que descobre a traição virtual do marido (Bruno Garcia – esse sim consegue tirar alguma risada) e resolve, ao lado de uma espanhola nada natural, fazer o caminho de Santiago de Compostela no norte da Espanha, para se espiritualizar. As paisagens são bonitas, é verdade, mas nada que surpreenda. A ideia é mostrar como o universo feminino e masculino são parecidos para todos nós, mas o resultado é um humor óbvio e absolutamente previsível – que nem humor parece ser.
Para terminar, aproveitei minha conversa com a Bruna para fazer a pergunta que não queria calar. Perguntei a ela por que o filme se desloca da Espanha para o Piauí nos minutos finais, para mostrar pinturas rupestres do parque nacional. Talvez eu não tivesse entendido a relação de uma coisa com a outra. Ela me disse que teve a ideia de mostrar essa beleza do nosso país e o registro do ‘primeiro beijo’ que se tem notícia, pintado pelos ‘homens das cavernas’, conforme mostra o filme. “Já que discutimos a relação entre homem e mulher no filme todo, achei interessante mostrar que isso já acontecia muito antes”, conclui Bruna. Continuei sem entender. Ou será que teria alguma relação financeira por trás disso? Achei indelicado perguntar, tire suas próprias conclusões. A única certeza que tenho é que Onde Está a Felicidade? (o título também não ajuda) não faz ninguém mais feliz, muito menos – que seria a melhor das pretensões – faz rir.
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