Opinião

Christian Bale levou para casa o Oscar de melhor ator coadjuvante de 2011 por sua atuação em O Vencedor. Não tinha na memória que o ator que representou o sujeito obstinado e viciado em crack era o mesmo garoto que sobreviveu à invasão japonesa de Xangai na Segunda Guerra, perdeu-se dos pais e passou os anos do conflito mundial em um campo de prisioneiros na China, até a libertação pela força aliada. Christian Bale está brilhante aos 13 anos, na pele desse garoto que é a grande estrela dessa obra-prima de Steven Spielberg (também diretor de A Lista de Schindler, Munique, A Cor Púrpura e produtor de Super 8).

Além da produção impecável, da reconstrução da época em que a vida diplomática dos ingleses na China era rodeada de luxo e segurança, de uma China dominada pelas forças estrangeiras, Império do Sol tem uma sensibilidade na construção dos personagens capaz de emocionar. Quem dá o tom, como já disse, é o menino Jim Graham. Apaixonado por aviação, teve de aprender a se virar sozinho no campo de trabalho forçado e sobrevive por conta da sorte, da negociação, da necessidade – muitas vezes pelo exemplo de Basie (John Malkovich, também em Queime Depois de Ler, A Troca). Além de muito bem dirigido, Bale realmente coloca no personagem tudo o que aprendeu: do olhar malandro, ao gesto amigo; do espírito aventureiro, à alma batalhadora. Um filme que vale a pena ser revisto e revisitado. Digo revisto, pela estética; revisitado pela intensidade da atuação e pela linda canção, que você pode ouvir no trailer abaixo.