ALEMÃO

Cartaz do filme ALEMÃO

Opinião

Voltando esta semana da exibição de Alemão para os jornalistas, ouvi no rádio que alguns bandidos haviam sido presos naquela manhã no complexo do Alemão, acusados de tráfico de drogas e ataque às UPPs. Pois é, guerra armada, descarada, sem solução. Achei curioso, porque a produção Alemão é justamente sobre o episódio da tomada do complexo pelas tropas do exército em 2010, que acompanhamos bem de perto pela mídia. Aquela que pretendia ser uma política pacificadora, lembra?

Se melhorou para a comunidade, está valendo. Mas pelo jeito ainda é terra de ninguém. As mais de 100 mil pessoas que vivem nesses morros são reféns das drogas, das brigas entre gangues por território, armas, munição, poder e influência. É duro dizer, mas já estamos acostumados. Virou regra. O ponto positivo é que o filme foca em um episódio específico, não fica falando mais do mesmo: um pouco antes de o governo autorizar a entrada do exército e de os traficantes se renderem – ou fugirem – policiais que viviam no morro à paisana são descobertos pelos traficantes e ficam encurralados em um esconderijo no meio da comunidade. Não conseguem descer, fugir, sair com vida. A chacina é total, a violência, desmesurada. Um outro Tropa de Elite? Não, não tem a intensidade da tensão do Tropa, que também mexe com a corrupção política. Mas assusta, é violento, rápido, cruel. Um recorte do buraco onde está a nossa sociedade.

Longe de dizer que existe uma tendência em “favelizar” o cinema nacional – já passamos desta fase – vale dizer que há outros filmes também bons sobre o tema. Além dos dois Tropa de Elite, de José Padilha, gosto de 5 X Favela – Agora por nós Mesmos, Última Parada 174 e Bróder. Alemão agride porque é real – como bem relatou a matéria do rádio, minutos depois que eu sai do cinema.

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