AMOROSA SOLEDAD – Amorosa Soledad
Opinião
Que agradável surpresa ter um filme argentino de 2008 estreiando nos cinemas, em tempos de grande concorrência nas salas paulistas. É porque é coisa boa e diferenciada. Amorosa Soledad me lembrou de cara o delicioso Frances Ha: delicado, bem humorado e inteligente. De uma maneira simples, este cinema de autor não tem a pretensão de ser o que não é. A ideia é que seja simplesmente um recorte de uma vida comum, em uma situação de fragilidade e necessidade de se reinventar. Nada mais corriqueiro – e, por isso, difícil de transpor para a tela sem que seja recheado de clichês.
Aliás, Amorosa Soledad pode ser várias coisas, menos um clichê. Não sei como os diretores conseguem, mas o filme tem a autenticidade necessária para chamar a atenção e deixar uma pitada de curiosidade sobre o fim (ou começo) de Soledad. Inês Efrón (também no bonito XXY) é gentil e generosa, leva o fora do namorado, fica mal por isso e resolve tirar um sabático das relações amorosas. Ficar sozinha um pouco poderia lhe fazer bem. Então, conhecemos Soledad (nada mais carregado de significado do que seu nome, que significa solidão) na sua rotina de trabalho, na relação com a mãe, na sua hipocondria, na sua busca por ficar em companhia dela mesma.
Eu diria que Soledad é aquele tipo de pessoa ingênua e sensível, que acredita em todos e em tudo, que não quer mal a ninguém, que diz o que pensa, que não tem malícia. Ela é o que é, e seu sorriso diz que não quer ser nada mais. Essa é a graça de Amorosa Soledad: a mais genuína vibração do cinema argentino, em que as relações humanas são as protagonistas da tela.
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