Opinião

Inverno no título não é só a estação do ano. É metáfora para o frio que atinge o relacionamento, para o congelamento das sensações e sentimentos, quando ambas as partes não se esforçam para manter o ambiente aquecido. Melhor pensar bem, antes que o inverno chegue e nada mais tenha volta. É daqueles filmes sobre casamentos de 30 anos, que caem na monotonia, não percebem o tempo passar e se enchem de frustrações.

Aqui cabe bem a imagem do casamento enquanto um jogo de frescobol, e não de tênis. No primeiro, é preciso que ambas as partes colaborem, se esforcem para jogar a bola na mão do parceiro. Se conseguem manter a bola no ar e rebater, vencem os dois juntos e têm o prazer de fazer parte do jogo. Já no tênis, não. Um só é o vencedor, o lance é derrotar o outro e sentir-se superior.

Com o casal Paul (Daniel Auteuil, também de Conversas com Meu Jardineiro) e Lucie (Kristin Scott Thomas, também de Há Tanto Tempo que Te Amo, Dentro da Casa, Partir, O Paciente Inglês) é assim: casados há mais de 30 anos, ela se dedica a ele integralmente, cuida da casa, do jardim, não faz cara feia, não se queixa de nada; ele é cirurgião, também não se queixa, mas não vibra com nada. Até que uma mulher misteriosa aparece (Leïla Bekhti, também em A Fonte das Mulheres) e tira o frágil equilíbrio da relação que já não existe mais.

Antes do Inverno vai na linha de filmes como Os Belos Dias, Um Sonho de Amor, Shirley Valentine. Claro, cada um é de um jeito, mas todos eles tocam nesse delicado momento da vida do casal, que muitas vezes de casal já não tem mais nada. Ou precisa de um belo susto para se reinventar.