AS PALAVRAS – The Words

Cartaz do filme AS PALAVRAS – The Words

Opinião

O conto, dentro do conto, dentro do conto. Você se lembra de A Origem, em que havia o sonho, dentro do sonho, dentro do sonho? Pois é. O filme As palavras funciona mais ou menos assim, já que se trata de um livro que conta a história de outro livro, que conta outra história. Mas as semelhanças param por aí, porque As Palavras não tem, nem de longe, a elaboração que tem A Origem. Termina confuso, deixando mais coisas no ar do que deveria. Trata-se do quê? De um filme sobre o plágio? Sobre a linha tênue que separa ficção de realidade? Ou seriam somente histórias entrelaçadas que se confundem e se mesclam, formando uma só?

Para explicar um pouco, sem tirar a graça do filme (sim, ele é até gracioso e de certa forma cria expectativa), tudo começa com o famoso escritor Clay Hammond (Dennis Quaid, também em O Que Esperar Quando Você Está Esperando), em uma sessão de leitura de seu novo lançamento, o livro As Palavras. Ele conta a história de Rory Jansen (Bradley Cooper) um jovem aspirante a escritor, que escreve livros que não interessam a nenhuma editora, até que, desesperado, encontra um manuscrito esquecido em uma antiga pasta. Este livro, por sua vez, conta a história de um jovem inglês, que conhece a mulher amada em Paris no final da Segunda Guerra, casa-se com ela, mas a relação não vai como imaginavam. Sem inspiração, talento ou dinheiro, Rory resolve publicar o manuscrito como se fosse seu, portanto, apropriando-se da obra alheia. Faz sucesso, até que ele encontra um senhor no parque que muda o sabor do seu sucesso.

Algumas vezes os personagens dizem que fazemos escolhas na vida, mas o difícil é conviver com elas. De fato. Quando Rory escolhe se apropriar de palavras que não são suas, tem que conviver com a culpa e com a dor causada àqueles que estão ao redor. Possível remediar? Com mais palavras? Quem realmente existiu? Quem é obra de ficção? Isso o filme deixa em aberto, mas talvez tenham faltado alguns indícios que amarrassem melhor os personagens, seus tempos e suas ações. Deixar no ar o desfecho, colocar o espectador para pensar, elaborar, refletir, quebrar a cabeça é algo que normalmente me atrai. Mas aqui me senti um pouco sem norte, como se estivessem esquecido de fechar o cerco. Dá para tirar várias conclusões, mas que poderia ser melhor aproveitado, isso poderia.

Nos cinemas: 23 de novembro

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