BABILÔNIA – Babylon

Cartaz do filme BABILÔNIA – Babylon

Opinião

BABILÔNIA não é La La Land, ainda bem — porque esta vertente de Hollywood a gente já viu. Se Damien Chazelle é obcecado pela história do cinema e vai continuar nos presenteando com diferentes perspectivas, maravilha! A gente não precisa gostar de todas, nem assinar embaixo; pode achar o caos deste filme longo demais, ou uma sucessão de exageros, por vezes nojentos, inclusive. Mas, convenhamos: Chazelle é criativo, incansável e entrega o caótico das pessoas físicas e jurídicas daqueles anos 1920, em que surgiam os filmes falados, em que a casa caiu, em que caíram os ídolos do cinema mudo sem piedade. Quem estava no holofote não se salvou e o show teve que continuar. Lembram de O ARTISTA, de Michel Hazanavicius? Pois é.

Como bem disse a personagem de Jean Smart: todos passam, famosos vêm a vão; o que fica é a ideia. BABILÔNIA é sobre isso. Sobre sobreviver à inexorável passagem do tempo, da relevância, da fama. Margot Robbie é Nellie LaRoy, uma aspirante à atriz, completamente deslocada dos padrões submissos das mulheres que ambicionavam um lugar ao sol em Hollywood. Intempestiva e considerada vulgar, encontra Manny Torres, um mexicano apaixonado por cinema, que terá que lidar com um elefante na sala sua vida toda pra conseguir escalar: a própria Nellie. Brad Pitt faz um ator famoso, mas só até a página do cinema mudo; no falado, é carta fora do baralho. Assim como tantos outros.

Claro, seguindo a lógica de que é-a-ideia-do-cinema-que-fica, BABILÔNIA traz o frenesi da geração do pós Primeira Guerra, do álcool e das drogas, da perversão e da promiscuidade na busca pela fama e dinheiro. Margot faz isso muito bem.  Não é um olhar romântico — pra isso temos La La Land. Mas traz essencialmente a noção de tempo, de como o cinema é espelho da trajetória humana, como está tudo ali depositado. Chazelle poderia ter terminado o filme antes, ainda nos anos 30, mas arrisca avançar até os dias de hoje, numa leitura ousada da transformação dos recursos e dos olhares, mas na manutenção das exaustivas ambições humanas. Afinal, a ideia é o que fica.

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