BAR DOCE LAR – The Tender Bar

Opinião
Não sei você, mas costumo associar Ben Affleck a personagens sisudos, sérios, como em ARGO; e outros de índole duvidosa, como em GAROTA EXEMPLAR – são os dois filmes com ele de que gosto mais. Como não tenho intimidade com super-heróis, não é com o Affleck-Batman que faço a associação quando penso nessa ator que desponta de bem com a vida neste filme solar sobre o universal rito de passagem.
O título BAR DOCE LAR é o resultado da adaptação do título original “The Tender Bar” – e gosto da solução. Dirigido com elegância por George Clooney, Affleck é Charlie, um sujeito amoroso que resolve os problemas da família, que acolhe todos do jeito que é possível e está pronto pra receber quem quer que seja no seu doce bar, que se transforma praticamente em um lar.
Gosto da solução do título porque transporta a essência desse local por onde J.R. circula desde garoto, quando sua mãe precisa voltar pra casa do avô porque não pode mais pagar aluguel; quando J.R. sente o vazio da figura paterna e é no “uncle” Charlie que ele encontra essa referência. Lembrando que traduzir títulos é encontrar, em outro idioma, referências que carreguem os significados embutidos no original. “The Tender Bar” é, literalmente, “o bar do afeto”. O jogo de palavras com “lar doce lar” me parece muito bem pensado.
Tudo isso pra dizer que é o generoso e otimista Charlie que vai se virar nos 30 pra manter a família de pé, pra incentivar o sobrinho a estudar e trilhar seu caminho, pra perpetuar seu bar com a noção básica de que ali, quem quiser, tem acolhimento. Filme sobre o rito de passagem do garoto entrando na adolescência e depois na juventude, e que se torna o escritor que tanto queria ser. No fundo, é baseado nas memórias do escritor J.R. Moehringer, em que Charlie está na retaguarda e Affleck se entregando ao personagem como quem diz que está em ótima fase.
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