BLACKBERRY
Opinião
Suzana Vidigal _ especial 73ª Berlinale
Quem assistiu às séries We Crasehd e Som na Faixa já conhece a primeira parte da história de BLACKBERRY: um jovem nerd tem uma ideia brilhante, reúne um grupo de gênios de T.I. pra executar, com a esperança de mudar o jeito como o mundo funciona. São bem sucedidos, quebram paradigmas (inclusive na construção do ambiente de trabalho), são vistos como visionários e ganham muito, muito dinheiro. O que era uma oficina de fundo-de-quintal se torna um unicórnio. Praticamente do dia pra noite.
Esta é a história do WeWork, Spotify e Blackberry, respectivamente. Aqui na Berlinale estreia o filme que mostra a trajetória do primeiro telefone que ousou mandar mensagens e emails, além de fazer ligações. Foi a junção do pager com o telefone e revolucionou a maneira de nos comunicarmos no início dos anos 2000. Mas era preciso ter um Blackberry (nome que deram aleatoriamente, segundo o filme) para trocar essas informações, ou seja, era preciso fazer parte da mesma rede.
Acontece que Steve Jobs inventou o teclado na tela, sem botão, e com dados compartilhados através de um servidor central, junto com o AT&T. Isso quer dizer que qualquer pessoa com um revolucionário iPhone poderia trocar emails e mensagens. A queda veio tão rápido quanto o ápice e a até então inovadora Blackberry sucumbe.
Esta é a história do filme, que foi baseado no livro de Jacquie McNish, que mostra o caótico e tóxico ambiente de trabalho da empresa, assim como sua postura fraudulenta. Pra quem não viveu este momento, pode ser interessante lembrar. A comunicação era totalmente diferente do que é hoje, assim como a maneira de trabalhar, ouvir música, fotografar e tudo mais que somos capazes de fazer com um smartphone na mão.
Só que o filme é esquisito, cansativo. A opinião aqui na Berlinale é de que não é digno de participar da competição. Eu confesso que acompanhei a história, como quem recorda tempos passados muito longínquos. Quando ter um blackberry era fazer parte de uma rede seleta e privilegiada de executivos de sucesso. Eu não tinha. Pelo jeito, não perdi nada.
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