CLUBE ZERO – Club Zero

Cartaz do filme CLUBE ZERO – Club Zero

Opinião

Ambiente escolar é sempre frutífero pano de fundo para filmes que trazem a complexidade por que passam professores, alunos e pais. Cada vez com mais frequência são trazidas questões sobre a responsabilidade excessiva que recai sobre as escolas, como se ali todos os problemas tivessem que ser resolvidos, como se todos os especialistas tivessem a obrigação de sanar o que as família não conseguem abraçar. CLUBE ZERO me fez pensar nessa abismo entre adolescentes e seus pais. Sozinha, a escola não constrói ponte alguma e abre-se a oportunidade nefasta de preencher este vazio com soluções mágicas vindas de um guru (ou coach) milagroso.

Estamos aqui no campo da nutrição — mas poderia ser qualquer outro. Nesta escola retratada pela cineasta austriaca Jessica Hausner, um grupo de jovens é manipulado pela nutricionista da escola, a Miss Novak (Mia Wasikowska), que prega a “alimentação consciente” em sua matéria eletiva. Induzidos a trocar a alimentação em prol do meio ambiente e da saúde, chegar na alimentação zero é prova de elevação espiritual e isso passa a ser o objetivo de um grupo de alunos que, cegamente, segue as orientações da nutricionista.

Difícil assistir a CLUBE ZERO sem se incomodar com a estética estéril e suas cores frias, seus personagens paralisados e sua excessiva simetria. Sim, tudo é excessivo, inclusive essa linguagem, que serve para causar incômodo e causar indigestão — literalmente. E consegue. Mas a história não chega em lugar nenhum, o que é uma pena. O tema da manipulação através de mentiras está em todas as esferas. As escolas estão sobrecarregadas, os pais, preferem não se comprometer. Famílias desconectadas são aqui espelho da desconexão do jovem com o mundo e da falta de questionamento, assim como da apatia dos pais que se mantém na sua hipócrita zona de conforto. Claro que o distúrbio alimentar aqui é metáfora da profunda desnutrição emocional e embora o filme também seja considerado uma comédia, não caia nessa. É uma indigesta provocação e, por isso, está valendo.

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