DE QUEM É O SUTIÃ? – THE BRA
Opinião
Quem torce o nariz pra filme sem diálogos e quiser dar uma chance pra algo diferente, divertido, sensível e muito, muito original, não perca. De Quem É o Sutiã? é tudo isso e conta uma história no mínimo adorável.
É daquelas pérolas, dirigida pelo alemão Veit Helmer, sobre o maquinista Nurlan, que mora no Azerbaijão, pilota um trem que faz um trajeto no mínimo inusitado por dentro de um vilarejo, está para se aposentar e um sutiã cruza o seu caminho. Ou melhor, fica preso na locomotiva. Sem que precise dizer uma palavra, o filme com cores, gestos, expressões e trilha sonora nos conta a história da Cinderela às avessas – ao invés do sapato, precisa caber na peça íntima, carregada de outros significados em cada uma das casas por onde Nurlan passa.
O filme, que tem como título original somente O Sutiã (tradução literal, que eu gosto mais do que a opção em português), fala sobre a jornada desse senhor em Baku, que passou a vida na previsibilidade, percorrendo o mesmo trajeto, e que percebe, nessa repentina curiosidade, a chance de vivenciar algo diferente. E as palavras são prescindíveis. As imagens dizem tudo, numa poesia só.
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