DIREITO DE AMAR – A Single Man
Opinião
Antes de qualquer coisa, vamos ao ponto principal do filme: a moda, a elegância e o foco no detalhe. Portanto, se a ideia for assistir a Direito de Amar, não se prenda à melancolia do personagem de Colin Firth (que, aliás, está impecável). Ela é parte do todo, é verdade. Mas o todo não se faria desta maneira sem o cuidado estético, sem o olhar criterioso e extremamente chique do renomado estilista Tom Ford. Vale dizer que esta é a sua estreia como diretor de cinema.
Responsável, entre tantas outras coisas, pela revitalização da marca Gucci, o famoso estilista dá ao detalhe a mesma importância que dá para o conjunto; dá o mesmo valor ao sonho e à realidade. Ao aproximar a câmera dos olhares dos personagens, sentimos de perto aquilo que por que eles estão passando. Em poucas palavras, Colin Firth é um professor universitário que não se conforma com a morte do companheiro, com quem viveu por 16 anos. Isso em 1962, quando a barreira da preferência sexual ainda era algo praticamente intransponível na sociedade (acho, inclusive, que o tema da homossexualidade é tratado com delicadeza, sem a intenção de chocar). Tudo que ele tem é a amiga (Julianne Moore) que o ampara, mas que também vive olhando para o passado e queixando-se do presente.
Mas não deixe que esse seja um empecilho. Talvez o indicado seja não assistir a Direito de Amar em um dia de cansaço ou desânimo. O diretor tem uma preocupação intensa com a forma, com a luz, com as aproximações, com a composição sensível do conjunto. Mas também com o conteúdo. Deixa claro que a angústia do passado não deixa o professor viver o presente ou vislumbrar o futuro. Deixa claro que sempre há uma escolha de como viver o momento presente. Até que ela escape pelos dedos, sem nos darmos conta.
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