DISCO BOY

Cartaz do filme DISCO BOY

Opinião

Suzana Vidigal _ especial 73ª Berlinale

O filme abre com a cena do protagonista Aleksei indo da Bielorússia para França, como clandestino via Polônia, pra tentar um passaporte europeu. A estratégia é ingressar na Legião Estrangeira, um braço do serviço militar francês que aceita estrangeiros para lutar pela França. Ao começar os treinamentos parece que será um filme de guerra. Só que não, vai além e estas várias camadas é que são a chave de DISCO BOY.

“Eu não quis fazer um filme de guerra diferente, com outras perspectivas”, explica o diretor. “Não é uma história sobre o bom e o mau, porque é difícil rotular os dois personagens. Queria que o filme conseguisse trazer outras nuances para criar empatia pelos personagens”, completa. E consegue. Embora Aleksi seja um mercenário, existe uma brecha de sensibilidade quando sai em missão na Nigéria; embora o eco-terrorista seja intimidador e violento, conseguimos entender seu posicionamento. “Os personagens imaginam suas vidas diferentes e isso também acontece com imigrantes, que desejam uma vida melhor”.

Mas o que DISCO BOY tem a ver com este cara que vai pra guerra? A arte entram no filme como um laço que une o que aparentemente não se encontra: a guerra e a dança. Pertencentes a universos distintos, o diretor encontra na linguagem corporal universal a maneira de aproximar o legionário profundamente tocado pela sua experiência traumática na Nigéria devastada pela exploração estrangeira e o nativo Jomo, que luta com violência para proteger as tradições, sua tribo e os seus entes queridos.

DISCO BOY tem belíssimas sequências de sintonia e diálogo corporal e sensorial que dão ao filme o desfecho surpreendente em que os personagens fazem um caminho original e rítmico. Me conduziu a sensações que eu não tinha acessado e me trouxe uma nova perspectiva humana.

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