DO COMEÇO AO FIM
Opinião
Do Começo ao Fim ficou pouco tempo nos cinemas. Uma pessoa foi assisir e me contou que várias espectadores começaram a se levantar a uma certa altura do filme – imagino que na segunda metade. Um pouco como aconteceu com O Segredo de Brokeback Mountain, quando a temática do homossexualismo incomodou muita gente por tratar do assunto de uma maneira aberta e sem rodeios.
A primeira metade do filme são só insinuações, mas acho que vai relativamente bem. A produção é bonita, a luz favorece e Thomás e Francisco são apenas crianças. Irmãos por parte de mãe, são criados juntos e desde cedo já cuidam um do outro com um olhar diferenciado, cuidadoso, sugerindo que há algo a mais do que o amor fraternal. A própria postura dos pais indica isso também. Na segunda parte, eles crescem e se tornam independentes para assumir suas vidas. Nesse ponto é que o filme escancara a relação entre entre os dois irmãos.
Falta naturalidade na maneira de lidar com a questão – a atuação soa forçada e a relação imposta ao espectador. Talvez por isso cause estranheza e incomode. Não é nem de longe a mesma impressão que se tem ao assistir Milk – A Voz da Igualdade ou Direito de Amar – filmes que têm também protagonistas homossexuais. É essa a referência que tenho para o tratamento natural do tema. Em Do Começo ao Fim, não há outra questão ao redor. O homossexualismo é a grande temática e parece vir daí a dificuldade de lidar com a questão de uma maneira mais equilibrada. Talvez se houvesse alguma outra história paralela o filme tivesse mais naturalidade.
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