EDIFÍCIO MASTER
Opinião
Eduardo Coutinho é mestre em construir personagens. O principal aqui é o próprio edifício, onde são represadas todas as histórias de vida, personagens, alegrias e tristezas dos moradores desse emblemático prédio em Copacabana, Rio de Janeiro. Seria como entrevistar os moradores do Copan, em São Paulo. Dá pra imaginar quanta gente diferentes tem morando por lá? Quantos perfis, sonhos, tragédias, histórias de vida?
O que mais impressiona neste documentário, assim como nos outros de Coutinho como Jogo de Cena, As Canções, Moscou é a sua não-interferência. Basta um cenário e a história de vida para que o filme seja moldado e tenha, de fato, uma identidade. É quase como se Coutinho nos dissesse para prestar atenção no microcosmos que é nossa vida, como cada ambiente de convivência é capaz de despertar interesse pelas conversas, vidas e experiências diferentes, curiosas e enriquecedoras que podem existir ali. A gente é que não presta atenção e não se interessa; nos acostumamos com o isolamento, com uma segurança fictícia do ‘preservar-se para não se expor’. Vai nos privando de compartilhar os medos, que é justamente o que nos faz entender e conviver melhor com eles.
Quem diria que o Edifício Master traria um repertório tão rico de contos? É uma colcha de retalhos da comédia e da tragédia humana.
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