UM FIM DE SEMANA EM PARIS – Le Week-End
Opinião
Aposto que há quem diga que o tom é nostálgico, que tem clima de fim de festa, de lamentação de um tempo que não volta mais, de escolhas que foram feitas e já não podem ser trocadas. Também sei que há aqueles que vão dizer que o tom é de arrependimento, de privação, de falta de planejamento e de coragem de mudar enquanto ainda fosse tempo.
E há ainda outras mil teorias que não apostam as relações duradouras, simplesmente pelo fato de elas serem raras. Claro, é mais fácil e muito mais lógico acreditar que o substancial e preponderante num casamento de 30 anos (ou 20, ou 10) é a privação ou o cansaço. Afinal, eles existem, não há como negar. O que é possível negar, sem medo de errar, é que estejamos falando de algo que envolva a lógica. Pelo contrário. Lógica nenhuma seria capaz de explicar por que duas pessoas diferentes (às vezes opostas) se unem por livre e espontânea vontade, intuitivamente formam uma família, dividem o mesmo espaço físico e emocional com todas as suas ondulações, montanhas-russas, tropeços e caldos, e ainda insistem em fazer a coisa funcionar. Insistem em dizer que vale a pena. Não há nenhuma lógica.
Um Fim de Semana em Paris é a prova da falta de lógica no que se refere à proposta de lutar pelo outro. Com todas as turbulências da vida, se Meg e Nick ainda apostassem na razão, já teriam tomado rumos opostos há muito tempo. Não foi por falta de oportunidade. São casados há 30 anos, administram o envelhecimento, as dores, os problemas com o filho, com a conta bancária, com as frustrações e planos não realizados, e ainda querem comemorar o aniversário de casamento. Em Paris. É justamente no fim de semana, em que têm o tempo todo um para o outro, que lavam roupa suja, que as mazelas da relação e da passagem do tempo vêm à tona.
Mas é também ali que surgem as oportunidades de perceber que só o amor é capaz de mantêm-los juntos diante de tantas adversidades. E ainda querem comemorar. Isso é o primeiro bom sinal. Cheio de bons momentos e com interpretação impecável, Lindsay Duncan (também de Questão de Tempo e na série The Honorable Woman) e Jim Broadbent (também em A Dama de Ferro) honram o amor da relação duradoura. Apesar de tudo e por causa de tudo. Quem tem um pouco dessa experiência, vai se identificar com as implicâncias, com as manias do outro, com as questões que, aparentemente, só mudam de endereço. Mas também vão se emocionar com a cumplicidade e a escolha definitiva que o casal faz para seguir adiante junto. Sim, porque é preciso escolher. Meg e Rick escolhem esse que é o caminho mais trabalhoso. E o mais bacana é que não se esquecem de festejar!
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