GLADIADOR II – gladiator II

Cartaz do filme GLADIADOR II – gladiator II

Opinião

Não custa lembrar o que acontece com o Russell Crowe, o protagonista de GLADIADOR, no filme de 2000. Ele é Maximus, um general romano que busca vingança depois que sua família é assassinada. O imperador faz dele escravo e ele se torna um gladiador vingativo. Maximus morre e seu filho, Lucius, é enviado por sua mãe, Lucilla, para uma aldeia. A ideia é escondê-lo para escapar das garras deste imperador tirano. É um ótimo filme. Lucius volta agora na pele de Paul Mescal, como o GLADIADOR da vez.

Lucius volta também como escravo, porque a aldeia africana onde se escondia foi conquistada pelo general romano Marcus Acacius (Pedro Pascal), casado com Lucilla (Connie Nielsen). Ela, por sua vez, é aliada de um sujeito que vai tomando conta do filme aos poucos, como quem “come pelas beiradas” e se diverte com cada puxada de tapete e cada tropeço, ou melhor, cancelamento fatal — já já falo desta figura.

Antes, é importante dizer que, assim como em “Napoleão”, aqui Ridley Scott não está preocupado com fidelidade histórica. Tubarões e babuínos raivosos invadem o Coliseu lotado de figurantes-digitais, em uma luta inglória e sangrenta de homens másculos, contra gêmeos imperadores dépotas e irritantes. Um rinoceronte sinaliza que algo não vai bem no império constituído por tiranos imperialistas — desculpe a redundância. Mas tem coisa que é preciso repetir. E repetir. Afinal, tudo se repete e parece que “todos os caminhos levam à Roma”. É o que Scott quer nos dizer. 

Repetir que quem começa vestido de bom moço, prestativo e proativo, no fundo é um vira-casaca oportunista. Redundante dizer que o poder serve aos espertos e estratégicos — Denzel “Macrinus” Washington que o diga. Este é o cara que se diverte com a perversidade. O conselheiro de confiança, que já esteve na pele do estrangeiro injustiçado, sente tudo menos compaixão pelos semelhantes. Veste a fantasia que lhe convém pra abocanhar o maldito do poder. 

Embora não tenha rigor histórico, reconstrói Roma e os romanos em toda a sua majestade. É feito pra mostrar a opulência e a megalomania que acomete o homem amante o poder. O Coliseu é um fórum sagrado deste império que se pretende poderoso e onipresente por definição. Uma sátira imperialista e maioral, em toda a sua redundância, fadado ao fracasso moral. É tudo isso, mas é principalmente entretenimento.

É violento. Implacável. Mas tem um gladiador que deixa uma réstia de esperança diante do caos. Assistir reconstruindo a parábola da falência múltipla dos órgãos imperiais do que somos hoje enquanto sociedade faz sentido. Mas tudo bem se não fizer sentido ver por causa disso. Então, fique à vontade pra escolher, mas arrisco dizer que ainda vamos ouvir falar deste gladiador. Onde há Paul “Lucius” Mescal e um Ridley Scott pra contar este tipo de história no auge dos seus 86 anos, pode haver esperança no sonho da atual Roma. Será?! 

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