HASTA LA VISTA: VENHA COMO VOCÊ É – Hasta la Vista

Cartaz do filme HASTA LA VISTA: VENHA COMO VOCÊ É – Hasta la Vista

Opinião

Se eu pudesse resumir Hasta la Vista em uma palavra, não diria diversão, muito embora seja divertido; nem deficiência, muito embora os três protagonistas sejam deficientes; nem mesmo sexualidade, embora esse seja o mote do filme. Eu diria que honestidade resume a proposta do filme e é justamente a maneira honesta, sem dramas ou vitimização, que permitiu com que eu me divertisse e me emocionasse no filme. Sem culpa.

Aliás, aproveitando, culpa é algo que não existe na linguagem escolhida pelo diretor belga Geoffrey Enthoven. Ninguém tem culpa de nada, nem os rapazes, nem os pais. Já começa por aí: são rapazes normais, que levam uma vida limitada e cheia de cuidados por causa de sua deficiência física: Lars tem câncer, é paraplégico e o tumor paralisa seus órgãos aos poucos; Philip é tetraplégico e Josef é praticamente cego. Todos jovens, perfeitamente capazes intelectualmente, mas dependentes e acostumados com a superproteção dos pais. Adoram vinhos, cultivam os amigos, saem de férias – sempre com os pais, sempre sem emoção. Até que um dia Philip descobre que há um bordel na Espanha especializado em receber rapazes com deficiência física e é pra lá que eles querem ir para finalmente experimentar o sexo! Independência, por que não?

Claro que convencer os pais não é tarefa fácil, nem encontrar alguém que se encarregue do trio, que pretende sair da Bélgica, passar por Paris e seguir até a Espanha em uma van, e de suas dificuldades. Mas Claude (Isabelle De Hertogh) cai como uma luva (ou nem tanto!) e faz um contraponto interessante, completando o panorama de situações engraçadas, tiradas inteligentes e humor sincero (inclusive piadas sobre suas próprias condições), ressaltando a amizade como a força geradora de movimento e capaz de superar qualquer situação. Curioso só ter sentido o lado duro, penoso e triste da deficiência nas cenas com os pais, embora o amor pelos filhos seja o sentimento mais forte e mais evidente, muito mais do que a dor ou a dificuldade. E digo mais: em nenhum momento vem à tona a o sentimento de pena, ou é ressaltado o preconceito (há situações inclusive ao revés), o que é uma maravilha e uma delicadeza por parte da direção!

O road movie Hasta la Vista: Venha Como Você É pode ser visto para se divertir, para pensar sobre a percepção que os próprios deficientes têm da vida, para se emocionar. Comigo serviu bem nas três categorias. Esse é um daqueles filmes para sair do lugar comum, sentir algo diferente, elaborar e pensar sobre outras perspectivas de vida. Dê uma espiada no trailer abaixo.

 

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