DE HILDE, COM AMOR – From Hilde, with love
Opinião
Especial para a 74ª Berlinale
O Red Orchestra foi um movimento de resistência alemão durante a Segunda Guerra. Reunia jovens na clandestinidade para espionar os alemães e passar informação aos russos. Claro que a Gestapo estava de olho neles e muitos acabam presos e decapitados.
Isso mesmo, decapitados. DE HILDE, COM AMOR conta a história de Hilde Coppi, uma jovem que se apaixona por Hans no verão de 1942 — um sujeito que já faz parte da resistência e ela acaba abraçando a causa também. Assistimos à história com olhos da Hilde, uma mulher comum que luta pela liberdade e pela paz, interpretada com convicção pela atriz Liv Lisa Fries. Feminino do começo ao fim, tem na maternidade as cenas mais tocantes e o silêncio, como peça-chave pra entender a magnitude dos sentimentos da personagem. Lembra as cenas de Dançando no Escuro em que a personagem de Björk também se despede do filho e segue seu destino.
DE HILDE, COM AMOR “não pretende mostrar o lado heróico da resistência”, diz Andreas Dresen na coletiva na Berlinale. Ele faz questão de nos aproximar da narrativa e dos horrores daquela época. Pra isso, evita clichês e não explicita violência ou tortura. Tentei encontrar a suástica nazista nos uniformes e não consegui. Mescla elementos de diversas décadas pra nos dizer que isso pode estar acontecendo agora, que essa situação de espionagem e falta de liberdade pertence ao presente também. Aproxima e não traz o comandante nazista e o juiz como monstros; traz como pessoas que se adequam ao sistema, que seguem as regras, como se fizessem um trabalho corporativo como qualquer outro. Tocante e humano.
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