IRMÃOS – Son Frère
Opinião
Por mais que sejam criados juntos e de forma semelhante, as escolhas da vida tratam de separar irmãos e famílias, quase que sutilmente. O passar do tempo é que sinaliza que as vidas já não têm nada em comum e caminham paralelamente, sem qualquer ponto de intersecção. Em Irmãos, a vida separa, e o fantasma da morte une novamente, num movimento doloroso de recordações, revisões, equívocos e mágoas. Sentimentos guardados por anos, a espera sabe lá de que.
Só o anúncio de uma doença que destrói suas plaquetas faz com que Thomas (Bruno Todeschini) procure seu irmão mais moço, de quem estava afastado há tempos, tanto física quanto emocionalmente. O que se segue é uma relação bastante realista – e por isso às vezes muito dura – em que o contato entre os dois traz à tona questões passadas, desentendimentos, diferenças. Mas traz também o sentimento fraterno do cuidado, da atenção, do vínculo familiar que acaba se sobrepondo a todas essas dificuldades.
Irmãos é forte, às vezes um pouco sombrio, com cenas filmadas de uma forma muito real da doença, do trato com médicos e enfermeiros, da relação de inconformidade com os pais. Não é um filme para qualquer hora. É intenso e do lado de cá dá para sentir o peso de lidar com o outro que pouco se conhece, formando com ele um trio com a morte. Ela que termina por mudar a vida de todos ao redor.
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