JOGO DE CENA
Opinião
Este é um documentário sobre mulheres, recomendado por duas mulheres, mãe e filha criteriosas. Acharam interessante. E é mesmo. Tem muita gente com histórias de vida incríveis, outras mais normais – tudo depende de como isso é contado.
Para mostrar justamente esse jogo da “verdade” versus “interpretação da verdade”, Coutinho escala atrizes profissionais para interpretar algumas das histórias contadas pelas mulheres comuns, selecionadas através de um anúncio de jornal que dizia: “Se você é mulher com mais de 18 anos, moradora do Rio de Janeiro, tem histórias pra contar e quer participar de um teste para um filme documentário, procure-nos.”
Foram 23 selecionadas e entrevistadas em um teatro vazio, como se vê no cartaz. Elas contam suas vidas, experiências marcantes, deixando muitas vezes o espectador na dúvida: até aonde vai a verdade, a quem ela pertence, onde começa o conto, que aumenta um ponto? Para complicar ainda mais o complexo jogo de palavras, as atrizes mesclam interpretação da vida alheia com seu próprio parecer sobre aquela interpretação. Dê uma espiada no trailer, abaixo, para ter uma noção do que estou falando.
Não espere “luz, câmera, ação!”. É documentário, o cenário não muda, o que vale é atenção aos gestos, lágrimas, sorrisos, sentimentos, histórias de vida. Vale a pena para quem aprecia essa nuância. Eduardo Coutinho é diretor do ótimo, e também documentário, Edifício Master. Nele, os entrevistados são os moradores desse prédio em Copacabana, que tem 12 andares, 23 apartamentos por andar e cerca de 500 moradores. Enquanto Edifício Master é o microcosmo do Rio, Jogo de Cena é um recorde da alma feminina.
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