KASA BRANCA
Opinião
KASA BRANCA é o nome de uma singela casa periferia da Chatuba, no Rio de Janeiro, onde haverá uma festa organizada por Dé, um adolescente que precisa arrecadar uma grana pra cuidar da avó idosa em fase terminal da doença de Alzheimer. Mas a festa é só um detalhe da dinâmica construída em torno de Dé, personagem que me conquistou desde o começo, construído com a abundância de gentileza.
O que Luciano Vidigal nos proporciona, além de uma história generosa e afetiva, é uma oportunidade de mudar o registro do olhar. De pensar num filme que tem como cenário a periferia transbordando gentileza, amizade, graça; em que os personagens vivem dilemas familiares, agem como qualquer adolescente típico que sofre por amor, tem sonhos, vai a festas, canta e dança, faz festa e se diverte com os amigos. De pensar num filme em que a violência normalmente registrada no cenário periférico passa longe, quebrado a lógica do nosso olhar viciado em histórias que conectam essas duas pontas. É um convite pra olharmos pra humanidade dos personagens e produzir, assim, empatia.
Isso porque a empatia é plantada de ponta a ponta. Dé cuida da avó, doente terminal. Rala pra pagar as contas, fica apertado, conta com os amigos para pensar como levantar uma grana. Conta com os amigos pra que sua avó não perdesse nem um minuto do que lhe resta de vida — nem que pra isso seja preciso carregá-la na trilha pra ver o Rio do alto. É lindo de ver — o Rio e a gentileza transbordando.
E não menos importante são os panos de fundo, principalmente em relação à mulher. Personagens que não mais estão na condição de submissão diante dos mandos masculinos e determinam seu destino.
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