A VERDADE – LA VÉRITÉ
Opinião
Por Suzana Vidigal, de Veneza
Melhor seria se A VERDADE se chamasse As Verdades quando estrear no Brasil. Na Itália será assim, no plural, Le Verità – afinal, nunca há uma só verdade. A personagem de Catherine Deneuve, Fabianne, publica suas memórias e escolhe quais são as histórias quer contar – e sob qual ponto de vista, é claro. Este é o ponto de partida do novo filme do diretor Hirokazu Koreeda, que filma pela primeira vez fora do Japão, no mesmo tema que costuma abordar em seus filmes, a família.
Fabienne é uma atriz egocêntrica e excêntrica, que recebe a visita da filha, do genro e da neta por ocasião do lançamento do livro. Juliette Binoche faz o papel de Lumir, a filha que casou com um ator americano de segunda linha (Ethan Hawke) e que está cheia de rancor em relação à mãe. Koreeda levou a Palma de Ouro em Cannes em 2018 pelo filme Assunto de Família em 2018, que é profundo e belíssimo. La Vérité fica na superfície da relação mãe e filha, sugere mergulhos, mas não avança na originalidade.
Elegantes, tanto a narrativa quanto as atuações, tem um toque leve de comédia que carrega em seguida o drama. O mais bonito em La Vérité é que aborda o essencial – Koreeda não fala nem francês, nem inglês, e se comunicou o tempo todo com os atores através do intérprete. A comunicação, portanto, ficou no patamar do que era fundamental, sem excessos. Fica a cargo de cada um entrar na narrativa ou não.
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