LOLA
Opinião
Lola, em filipino, significa avó. Avó, em filipino, significa âncora, base, estrutura, linha mestra, matriarca, chefe de família. Ou pelo menos foi essa a minha impressão ao assistir a Lola, este sensível e delicado filme do diretor Brillante Mendoza. A sensação de que a avó é realmente o arrimo de família, tanto material na miséria de Manila, quanto emocional na desestruturada sociedade, é nítida e tocante. Nesta história que gira em torno da busca pelo dinheiro para enterrar um neto, conhecemos as relações, a intensa privação e algumas situações singelas de amizade e compaixão.
Inevitavelmente me lembrei de Poesia, filme sul-coreano que também coloca a avó como figura mais importante de um núcleo familiar que luta para não se desintegrar. Em Lola, não é diferente e são duas as avós que constroem a trama. Lola Sepa luta para enterrar o neto dignamente, morto a facadas por causa de um celular. Lola Puring luta para tirar o neto da prisão, o autor do crime. Sem recursos, numa Manila úmida, chuvosa, miserável, ambas dão tudo que têm (inclusive a energia que resta) e comprometem até o que não têm para cumprir sua missão. É dessa relação construída e desconstruída ente as famílias que percebemos a profundidade da sua importância para a família.
Claro que Lola não é um filme de ação e movimento, mas sim de observação dos passos, opções e caminhos que são tomados. O que começa numa cena chuvosa, lenta e desoladora, vai ganhando força e importância nas figuras das ‘lolas’. Fortes e frágeis ao mesmo tempo, dão uma dimensão humana emocionante ao filme e de certa forma homenageiam as avós, mesmo que para isso seja preciso colocá-las em uma situação tão vulnerável.
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