MARY E MAX – UMA AMIZADE DIFERENTE – Mary and Max
Opinião
Além da amizade diferente já denunciada no título em português, é preciso frisar que o filme também é uma animação diferente, fora dos padrões e dirigida sim aos adultos. Crianças maiores aproveitam, mas aquelas que se interessam por formas diferenciadas de dizer alguma coisa e que não se prendem ao padrão atual de animação. Mesmo para aqueles que acharam estranho a falta de diálogos e o narrador onipresente, o filme vale para aguçar a sensibilidade e a curiosidade diante de outra linguagem. Comentários do tipo: ‘por que a vida de um personagem é colorida e a do outro, preto e branco?’ já valem a pena e dão margem à comentários curiosos sobre as escolhas que um diretor tem que fazer na hora de representar um estado de espírito, uma forma de ver e levar a vida.
Mas o conteúdo é adulto, não por ser inapropriado – não mostra nada além do que eles veem nos desenhos e filmes disponíveis por aí. Lida com questões que também estão presentes no mundo infantil como a solidão, o ‘sentir-se excluído’, o ‘ser diferente da maioria’, a difícil relação com os pais. Feitos de massinha, os personagens não são esteticamente bonitos, nem psicologicamente equilibrados; o cenário não tem cores vivas, nem é feito para encantar – um deles inclusive é em preto e branco, como falei, e é quase que um personagem da história, tamanha a sua presença e significado no filme. E é evidente que isso gere estranheza.
A história gira em torno de Mary, uma garota australiana de 8 anos, esquisita e solitária, cuja mãe é alcoólatra; e de Max, nova-iorquino de mais de 40 anos, depressivo, solitário, recluso, cheio de esquisitices e manias. Na falta de amigos, eles se correspondem por cartas e a amizade acompanha o desenrolar de suas vidas.
O conteúdo é adulto por conta da intensidade das emoções do filmes. Fala de temas que as crianças ainda não elaboram, mas que sem dúvida vão fazê-lo no futuro. Ninguém escapa. Até o aspecto da correspondência por carta com alguém desconhecido, por tanto tempo, é interessante em épocas de redes sociais, de amizades virtuais e fictícias, de solidão mesmo tendo o mundo à disposição na internet. O contato humano – ou a falta dele – é o grande mote da história. Uma olhada no trailer abaixo já dá pistas do que estou falando.
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