O CASO COLLINI – THE COLLINI CASE

Cartaz do filme O CASO COLLINI – THE COLLINI CASE

Opinião

Este é um filme sobre responsabilidade. Daquelas que são impossíveis de serem apagadas no que diz respeito à lógica dos direitos humanos e da conduta ética e moral. Mas, como infelizmente essa não é a única referência que usamos pra conviver em sociedade, regras são constantemente manipuladas e terminamos tendo que lidar com essa sujeira.

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O CASO COLLINI, além de ser um ótimo entretenimento e de ser cinema alemão (olha aqui a pluralidade do CG, que tanto prezo!), de trazer um viés histórico, traz essa questão de comportamento que permeia nosso dia a dia. São as escolhas – de que caminho seguir pra se livrar de punição. Conversa, portanto, diretamente com a gente.

O filme é baseado no livro do escritor alemão Ferdinand von Schirach, em que ele fala do julgamento, em 2002, de Friedrich Engel, pelo assassinato de pelo menos 59 italianos na 2ª Guerra. Assim como muitos outros nazistas, Engel se escondeu na malha da sociedade alemã durante décadas, respaldado por uma lei aprovada em 1968, por um antigo advogado que defendia, obviamente, interesses dos nazistas do escalão abaixo de Hitler.

Tudo isso pra dizer que este julgamento é o pano de fundo pra criar a história de O CASO COLLINI, que tem um assassinato já na primeira cena, um culpado confesso e o tribunal se descortinando pra explicar quem é quem na trama.

Brilha o advogado Caspar Leinen na defesa do italiano Fabrizio Collini e na jornada de desvelar o passado nazista alemão que se extende muito depois do final da guerra, com aquela geração de extrema direita ainda infiltrada na malha social. No fim das contas, o filme tem os dramas pessoais e os embates entre os personagens, mas fala essencialmente de como a justiça alemã lidou com os responsáveis pelos crimes de guerra, já que o sistema judiciário era dominado, justamente, por essas pessoas. Foi preciso uma nova geração, e depois ainda outra, pra limpar toda essa sujeira.

Aliás, por falar em geração, descobri em pesquisa que o autor do livro, o Ferdinand von Schirach, também escreve esta história como maneira de processar a sua própria, já que seu bisavô era fotógrafo oficial de Hitler.

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