O HOMEM DO FUTURO
Opinião
Tropa de Elite 2 – O Inimigo Agora é Outro é a maior bilheteria brasileira, com mais de 11 milhões de espectadores. A âncora desse sucesso, além da corrupção insaciável e revoltante da polícia e dos políticos é, sem dúvida, Wagner Moura. No papel de capitão Nascimento, dá voz e rosto ao policial implacável, mas também ao ator cuidadoso, comprometido e extremamente competente na composição do personagem. Claro que compor Nascimento é mais complexo, comprometedor e politicamente difícil do que representar o fracassado, frustrado e enlouquecido Zero – um professor de física que jura ter construído uma máquina geradora de energia. Mas, a gente também sabe, pelas comédias brasileiras que vemos por aí, que há atores… e atores. E definitivamente não são todos que têm o dom de fazer a gente rir.
O Homem do Futuro não é o personagem da vida de Wagner Moura (também em Carandiru e VIPs), mas com certeza é o personagem divertido, atrapalhado e apaixonado que ele merecia viver no cinema, depois da imagem dura que lhe rendeu a dobradinha Tropa de Elite. Inclusive – justiça seja feita – acho sempre muito interessante observar a postura, a capacidade de diversificação e de incorporação de personalidades tão diferentes que alguns atores têm. Na pele de Zero, ele faz o que muitos de nós gostaríamos de fazer: voltar para o passado para mudar o futuro. Apesar de já explorado nos cinemas (com a série De Volta Para o Futuro, por exemplo), o tema é sempre alimento para boas tramas. Com a pinta de cientista maluco, volta 20 anos no tempo e vai parar naquela mesma festa que mudou sua vida, quando canta com Helena (Alinne Moraes) o clássico do Legião Urbana, Tempo Perdido (aliás, que cena!).
Aquele é o momento chave, que determina quem Zero é no presente, sua trajetória enquanto estudante, cientista, homem. Mudar aquele momento lhe daria a chance de ser outra pessoa, o que obviamente rende reflexões interessantes e cenas realmente engraçadas. Dê uma espiada no trailer. Já vai dar pra sentir o clima do filme e o objetivo do diretor Claudio Torres (também de A Mulher Invisível, com Luana Piovani e Selton Melo). Gosto desse tipo de comédia brasileira, bem humorada, espirituosa, talentosa. E despretensiosa – o que é, em muitos casos, pré-requisito para uma boa e genuína risada.
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