O RITO DA DANÇA – fancy dance

Cartaz do filme O RITO DA DANÇA – fancy dance

Opinião

Foi mérito de Martin Scorsese ter escalado Lily Gladstone para ASSASSINO DA LUA DAS FLORES; mas é mérito dela sua presença única como atriz e mulher, com olhar profundo e sofrido, de quem reflete o deslocamento social dos indígenas na sociedade contemporânea e de quem representa tantas mulheres em todo mundo.

Em O RITO DA DANÇA, a atriz representa Jax, novamente uma mulher indígena que morava com a irmã e a sobrinha, vendia drogas e praticava delitos aqui e ali pra ganhar um a mais. Um dia sua irmã desaparece e é o vínculo com a sobrinha, que está sob a guarda do avô branco pai de Jax, que vai nortear a busca.

Fala de vários ritos, além da dança. Do rito de passagem para a adolescência, dessa sobrinha que se vê órfã, mas que ressalta o que “tia” quer dizer no idioma da sua tribo: segunda mãe. Entra na adolescência pra quebrar padrões e se apropriar de quem ela é faz parte da apropriação da cultura original do seu povo, daquilo que se aprende “sem aula”, da dança que não tem a rigidez do balé. Que é natural e livre, assim como o “powwow”, o festival de dança onde a conexão acontece — com as pessoas, a terra, as origens.

Singelo, O RITO DA DANÇA dá a Lily Gladstone ainda um papel de uma mulher silenciosa, mas não livre do ressentimento, nem do preconceito. A diretora Erica Tremblay fala com conhecimento de causa, já que é membro da nação indígena Seneca-Cayuga, que retratada neste seu primeiro longa. Embora fale dos lugares comuns da marginalidade e do preconceito, reforça a realidade da precarização do trabalho, oferece mais perguntas do que respostas, que se encaixam em mais situações do que podemos imaginar.

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????? O RITO DA DANÇA (Fancy Dance), de Erica Tremblay (EUA, 2023)

???? Lily Gladstone, Michael Rowe, Blayne Allen, Isabel Deroy-Olson

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