PARA SEMPRE ALICE – Still Alice

Cartaz do filme PARA SEMPRE ALICE – Still Alice

Opinião

Desde que Julianne Moore ganhou o Globo de Ouro e o Oscar de melhor atriz por sua primorosa atuação em Para Sempre Alice, fica no ar a questão do clima do filme. Estão dizendo por aí que, se é sobre doença, deve ser triste demais. Claro que a tristeza é inerente ao assunto, assim como o sentimento de perda, o repentino desequilíbrio familiar, a desesperança. Mas o que Julianne Moore consegue é quase um milagre: apesar de o Alzheimer ser avassalador e mudar a realidade e as perspectivas de uma família, Para Sempre Alice me deixou uma mensagem de esperança. E de muito amor.

Claro que filmes assim são experiências pessoais. Cada um recebe de acordo com sua bagagem e sua vivência. Lembro de ter recomendado que uma amiga visse o argentino O Filho da Noiva, de Juan José Campanella, mas não foi escolha feliz, já que sua mãe sofre do mesmo mal. Sempre que o cinema de qualidade lida com essas dificuldades, que são espelho da nossa condição humana, transportamo-nos para a tela e vivemos, junto com os personagens, essa história de dor e afeto.

Portanto, para que Para Sempre Alice não lhe caia como uma bomba, uma amarga realidade, uma angústia a mais, lembre-se de que Julianne é tão real quanto qualquer um de nós. Por isso é tão fácil se sentir parte da sua família quando ela conta que está doente. Por isso é merecedora dos prêmios pelo papel – sou fã dessa atriz camaleoa, que logo mais estreia também em Mapa Para As Estrelas – outro ótimo filme. Aliás, no Cine Garimpo há uma lista de filmes com ela. Vale dar uma espiada.

Se para você tudo isso é demais da conta neste momento, o filme pode entrar numa lista futura. É daqueles atemporais, que lidam essencialmente com a condição humana de cair e se levantar, perder e se reinventar. Substitua o Alzheimer por qualquer outra situações que inclui a perda. Por mais difícil que seja, a gente sabe que outros ganhos e aprendizados vêm depois dela, mesmo que às duras penas. E por ser tão duro, a tristeza é o que mais pesa. Porém, Alice dá uma lição de desapego – deixa ir sua inteligência, sua memória, sua antiga condição, seu eu anterior, para ser outra e transformar as relações.

E veja como elas, verdadeiramente, se transformam. Para Sempre Alice ficou comigo muito tempo depois de eu sair do cinema. Ecoa até agora.

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