PARIS, EU TE AMO – Paris, Je T’aime

Cartaz do filme PARIS, EU TE AMO – Paris, Je T’aime

Opinião

A Paris de Woody Allen no seu mais novo filme é a Paris perfeita. Em Meia-Noite em Paris, o diretor não só mostra a atualidade de uma maneira deliciosa e encantadora, como viaja no tempo, mostrando o que Paris tem de mais eterno: sua arte. Com essa imagem na cabeça, resolvi rever o oposto, a Paris multifacetada, disforme, imperfeita – mas não menos especial. Para quem tem com Paris uma relação além da turística, Paris, Eu Te Amo é uma pequena amostra da personalidade múltipla de uma cidade universal.

Este filme é parte do projeto Cities of Love, que conta com Nova York, Eu Te Amo e ainda filmará no Rio, Jerusalém e Xangai. A beleza e originalidade de Paris, Eu Te Amo está na proposta de direção. Cada diretor convidado teve 5 minutos para filmar uma faceta da cidade, de acordo com a sua perspectiva. Desta forma, os 20 arrondissements parisienses são retratados, sob um prisma bastante diverso, mas todos intensos. Deixa claro que Paris é, e sempre será, a Cidade Luz de Woody Allen, mas é muito mais do que isso. Numa colcha de retalhos, os diretores mostram a cidade dos homossexuais, dos solitários, dos que não se comunicam, dos imigrantes, dos muçulmanos, chineses, africanos e hispanos, do preconceito e do altruísmo, dos turistas, do humor, dos encontros e desencontros entre pais, filhos, maridos e mulheres, da tradição, da arte e da ironia de tudo isso dentro da rigidez de uma metrópole.

Fimes como Paris, Eu Te Amo são um exercício e um alento, principalmente para pessoas como eu que tendem a enxergar os pontos positivos e negativos em uma só cidade, momento ou situação. E assim fica muito difícil responder à pergunta que não quer calar: qual dos quadros eu mais gosto? Particularmente – e essa não é uma escolha tendenciosa pela nacionalidade do diretor, que fique bem claro – adoro e me emociono cada vez que assisto ao curta de Walter Salles, Longe do 16º. O diretor brasileiro consegue humanizar o desumano. Anna (Catalina Sandino Moreno, também em Maria Cheia de Graça) sai de sua casa bem cedo, na periferia de Paris, deixa seu bebê na creche e pega várias conduções para chegar ao chiquérrimo 16º arrondissement, para trabalhar como babá, de uma criança da idade da sua. É uma síntese de uma metrópole como qualquer outra, das difíceis relações de poder social. Assista e veja qual dos curtas mais emociona, ou mais encanta, ou mais faz rir, etc. Assim é Paris, uma cidade de múltiplas emoções. É por isso que vale a pena.

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