PINÓQUIO – PINOCCHIO
Opinião
A história de que dependemos de histórias para viver não é história pra boi dormir. É fato — mesmo se aquilo que se conta é inventado.
E mesmo se é invenção, é retrato de um fato que aconteceu com a gente, que é preciso colocar em palavras, personificar em personagens, pra poder processá-lo dentro de nós. A realidade vira fábula, ficção, alegoria, metáfora, fantasia pra explicar o que sentimos.
E ainda pode ter releitura da invenção de algum outro. Por que não? Pode. Porque dependemos de histórias pra sobreviver e voltamos ao começo desta conversa.
Tudo isso pra dizer que é isso que Guillermo del Toro faz em PINÓQUIO. Refaz a fábula do boneco de madeira que quer viver menino de verdade, mas precisa aprender a dizer a verdade e carrega, na trajetória que já conhecemos, a sua versão e a recheia com música, beleza e muita delicadeza.
Com um visual primoroso da técnica stop motion, tem o pano de fundo da sua relação com seu pai, mas também um Pinóquio que transforma aqueles que estão ao seu redor. Assim histórias nos respaldam, acolhem e transformam. Vira um sistema que se retroalimenta. Afinal, somos todos contadores de histórias.
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