POR TRÁS DOS SEUS OLHOS – All I see is you
Opinião
Embora Gina seja cega, tenha construído sua vida na escuridão e com outra percepção sensorial, a questão aqui não se restringe à cegueira visual propriamente dita. Há diversas maneiras de enxergar o mundo e os olhos são só uma delas. Dá bem pra ampliar a visão e pensar nas diversas maneiras com que nos vemos e com que encaramos a realidade, com que nos relacionamos com ele e, mais ainda, com que enfrentamos as mudanças necessárias quando algo muda drasticamente. Gina é cega, mas mais cego ainda é quem deixa o medo dominar e não consegue se transformar.
Ainda menina, Gina sofre um acidente, perde a visão e só vai recuperar parte de uma vista já adulta, casada, com a vida estruturada. Seu casamento e a relação com o marido são pautados pela cegueira. É como se a cegueira fosse um personagem – quando ela vai embora, fica faltando um pedaço do trio, a harmonia se quebra e o relacionamento não pode mais acontecer como antes. Claro, nem Gina se “vê” mais da mesma forma.
Os personagens de Blake Lively (também em A Incrível História de Adaline) e Jason Clarke (também em Evereste) se relacionam como marido e mulher, mas não se entregam. Assim, não é possível transformar quando tudo em torno já mudou. A temática é forte e urgente – ainda mais se a gente pensa no que se perde com medo de encarar, literalmente, o novo.
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