Opinião

Para os prisioneiros, a prisão mais parecia um prêmio. Uma propriedade luxuosa em plena Cordilheira dos Andes foi o lugar onde ficaram “confinados” cinco militares chilenos de alta patente, condenados por torturas e crimes durante a ditadura militar liderado por Pinochet. PRISÃO NOS ANDES é baseado em história real e, embora não tenha ritmo empolgante, o forte está nos diálogos que reforçam a postura arrogante dos condenados — um retrato da soberba e da cegueira produzidas e alimentadas pelo poder.

Só que prisão mesmo era só o nome. Cercados de luxos, benefícios e, pasmem, liberdade, usufruíram dos privilégios do Estado como se não houvesse amanhã. Faziam dos “carcereiros” seus empregados, invertendo valores e posições sociais. Um recorte pontual da situação chilena, com destaque para o jogo de adivinhação e memória entre eles: recordar os nomes e medalhas de atletas olímpicos tinha a mesma graça do que relembrar os nomes dos presos políticos e suas respectivas torturas sofridas durante a ditadura. Informações que tinham na ponta da língua e que pincelavam num tom casual de uma conversa, como quem fala de algo trivial e sem qualquer importância.