QUEER

Cartaz do filme QUEER

Opinião

Luca Guadagnino conquistou seu lugar no cenário mundial cinematográfico com o Meu Chame pelo Seu Nome (2017) — que inclusive ganhou Oscar de melhor roteiro. É muito bom mesmo, tem ótimos diálogos e conta uma história envolvente. Depois veio Suspíria: A Dança do Medo (2018), que assisti em Veneza e não gostei por nada neste mundo — apesar de todo mundo ter achado incrível e de terem sugerido que “quem não gostou é porque não entendeu”. O que não muda nada pra mim. Recentemente tivemos Rivais, que é um filme pop, pra conquistar o jovem — e parece que deu certo. Eu gostei. Tudo isso pra dizer que Guadagnino volta a Veneza com QUEER — e eu fui com muita sede ao pote achando que vinha aí algo com olhar especial.

Ilusão. QUEER é chato, não tem ponto de partida, nem chega em lugar algum. Seu protagonista é Lee (Daniel Craig), um escritor queer, em algum lugar do México, onde só tem bares gays. Um dia ele se encanta com um sujeito boa pinta (isso porque estamos nos anos 1950) mais jovem e faz de tudo pra conquistá-lo. Lee é dependente químico, viciado em heroína e parte numa jornada pela América do Sul porque quer ter participar do ritual xamânico da ayahuasca. É no Equador que ele se embrenha na floresta, que mais parece uma aventura de um filme de fantasia — pra dizer o mínimo.

Aliás, tudo em QUEER é artificial e superficial. Não dá nem pra dizer que Guadagnino se perde, porque não encontro caminhos no filme nem de narrativa, nem de objetivo, nem de desenvolvimento de personagens. Se era pra fazer um filme em que o 007 gay, está feito. Mas, convenhamos, encontrar só este motivo é pobre demais.

Em tempo: em festival de cinema, sempre tem filmes que entram na competição e que nos perguntamos que-diabo-eles-fazem-ali. QUEER está nesta prateleira. Dava pra ter ficado sem ele.

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