RAIN MAN
Opinião
Andei revisitando alguns filmes que foram premiados no Festival de Berlim. E como é diferente assistir a Rain Man já bem longe da visão que se tem das relações aos 18 anos… Levou o Urso de Ouro, além do Oscar para o filme, diretor e ator, Dustin Hofmann. Se você também viu este filme há 25 anos, vai se surpreender com o que ele tem pra contar.
Claro, porque não se trata de uma interpretação óbvia. Hofmann (também em Kramer X Kramer, A Minha Versão do Amor, Tinha que Ser Você) é delicado, sutil e inquestionável na pele de Raymond, um sujeito autista, que não tem noção de tempo ou dinheiro, mas se apega aos detalhes com uma precisão impressionante: decora listas telefônicas, conta as cartas do baralho no cassino, memoriza tudo aquilo que lê. Não se apega às pessoas, acostumado que está a viver em uma casa de saúde. Até que seu irmão Charlie (Tom Cruise, também em Missão Impossível – Protocolo Fantasma, Oblivion, Rock of Ages, Magnólia) aparece. Deserdado pelo pai, vai atrás da pessoa que teria herdado toda a herança. Claro, o dinheiro fala alto e Charlie quer a sua fatia do bolo.
Mimado e egoísta, Charlie não tem paciência com o irmão, mas aos poucos a simplicidade e honestidade de Raymond vão virando o jogo. O dinheiro que era tão importante ganha outro enfoque e a possibilidade de partilhar uma vida familiar traça outras prioridades na vida do garotão Charlie. Rain Man é uma brincadeira com o nome Raymond, mas é o tipo de detalhe íntimo que só quem é da família sabe desvendar. E isso também está carregado de significado, já que são os irmãos e os pais que carregam parte importante das nossas vidas, represadas em memórias e lembranças – sejam elas boas ou não.
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