SPENCER

Cartaz do filme SPENCER

Opinião

Lembro bem onde eu estava quando soube que Diana tinha morrido. Fazia 10 anos que tinha terminado o ensino médio e encasquetei que queria virar jornalista. Era fim de semana, eu voltava do simulado do cursinho que inventei de fazer porque precisava aprender tudo de novo. Ouvi no rádio a notícia e fiquei em choque. Prova disso é que cheguei em casa, deixei as apostilas em cima do carro e lá elas ficaram. Só fui lembrar desse esquecimento quando elas viraram vento e tive que correr atrás de outras pra seguir com o meu projeto.
Tudo isso pra dizer que virei jornalista e já faz 25 anos que ela morreu. Diana ainda é fonte de inspiração pra muitas leituras do que foi não só a princesa de Gales, mas também Diana mulher.
E é esse o recorte de Pablo Larraín. A pessoa. Isso não sou em quem diz – quem grita isso é o título: SPENCER. E grita pra ninguém ter dúvida. Aqui não tem Gales, não tem príncipe, nem coroa, castelo ou paparazzi. Tem Diana Frances Spencer, a mulher que se jogou na dinâmica da família real britânica e pagou um alto preço por isso.
O momento que o diretor chileno escolhe é o final do casamento com Charles, quando tudo já tinha virado pó e lágrimas. Especificamente as vésperas da tradicional noite de Natal na casa de campo da família real, em que a melhor cena já mostra o tamanho – e o peso, literalmente – das tradições e costumes.
Imaginou-se o que poderia ter acontecido naquele ambiente hostil por parte de uns, e acolhedor por parte de outros. Diana com os filhos, funcionários, família e com ela mesma – um registro sensível, uma fotografia impecável que dá o tom da melancolia do momento, sugerindo algo que poderia ter sido, mas foi bem diferente na realidade.
Larraín, como sempre, nos convida a olhar pra vida com o cinema como pano de fundo. Amo muito tudo isso.

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