THE ORDER

Cartaz do filme THE ORDER

Opinião

O livro The Turner Diaries foi publicado em 1978 nos Estados Unidos e traz o passo a passo de como construir um movimento de extrema direita, neo-nazista, que prega a supremacia branca. Com base nele surge um grupo terrorista THE ORDER nos anos 1980, que chamou a atenção do FBI. O personagem de Jude Law é Terry Husk, um amálgama de vários agentes que investigaram este caso e, com certeza, sua atuação é responsável pela força que o filme tem nas duas dimensões: do passado recente e do presente.

Numa pequena cidade em Idaho, uma série de assaltos a banco e carros-forte chama a atenção do FBI, que percebe que não se trata de algo corriqueiro. Espelhado em movimentos como KKK,  a seita The Order é idealizada por Bob Mathews, um jovem carismático e implacável, que sonhava em criar um território de supremacia branca nos EUA a partir da dissidência de um grupo religioso de extrema direita. “O que chama a atenção é como este filme fala de um momento do passado, mas dialoga intimamente com o presente”, diz o diretor Justin Kurzel na coletiva de imprensa no Festival de Veneza. Claro, além de fazer pensar sobre a facilidade que é manipular pequenas comunidades que vivem mais isoladas. Embora estejamos falando dos EUA, serve pra qualquer lugar.

Baseado no livro The Silent Brotherhood, de Kevin Flynn e Gary Gerhardt, é filmado com naturalismo, aproximando os personagens do espectador. Afinal, o diálogo com os desafios do mundo contemporâneo são evidentes. “Esta é a riqueza da arte, poder favorecer este espelhamento do filme com a sociedade e provocar a conversa, a reflexão”, diz a atriz Jurnee Smollett, que faz uma agente do FBI neste mundo masculino. E por falar em espelho, a cena em que Husk vai caçar e também é caçado é um retrato dele próprio, que se enxerga no seu métier, sendo observado enquanto observa. Ou seja, ninguém é uma coisa só.

_ Especial 81º Festival de Veneza

 

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