TODO O DINHEIRO DO MUNDO – ALL THE MONEY IN THE WORLD
Opinião
O bom é que Christopher Plummer não precisa de maquiagem pra parecer o velho magnata do petróleo, J. Paul Getty. Antes dele, quem gravou o mesmo filme foi Kevin Spacey – que precisou envelhecer. Mas foi demitido, afastado das filmagens por causa das acusações de abuso sexual e o diretor Ridley Scott teve que fazer tudo de novo quando o filme já estava praticamente rodado. Aos 45 do segundo tempo, contrata Plummer (também em Memórias Secretas, Toda Forma de Amor), escala Michelle Williams e Mark Wahlberg pra repetir as cenas com o sujeito mais rico do mundo e entrega o filme na data combinada. Detalhe: Plummer tem quase 88 anos.
Todo o Dinheiro do Mundo é o que Getty tinha nos anos 1970, quando seu neto foi sequestrado na Itália e ele se negou a pagar um tostão do resgate. Mesquinho ao extremo, compra uma briga com sua ex-nora Gail (Michelle Williams, também em Blue Valentine e Manchester à Beira-Mar), que tem um ex-marido drogado, não tem dinheiro para pagar a fortuna de US$ 17 milhões do resgate e conta com a ajuda de Fletcher Chase, funcionário de Getty, para solucionar o caso.
Baseado em fatos reais – apesar de muitas licenças poéticas, como ele próprio diz no filme – é, por si só, uma narrativa e tanto. Do lado de Plummer, a frieza financeira e a solidão emocional do magnata é perfeita; do lado de Michelle, ela já fez melhor. Pode ser que, na primeira versão, sua emoção fosse mais genuína – e diria o mesmo de Wahlberg, que normalmente se preza a comédias exageradas, mas está muito bem em Dia do Atentado e Horizonte Profundo. Faltou emoção, de quem tinha muito pra dar.
O que eu gosto daqui é da riqueza de detalhes, do poder traiçoeiro da avareza, da força bruta e cruel que tem a vingança e o medo. Isso vem do veterano Plummer. Olhemos pra ele, então; e para essa história – incrível por natureza. De tão boa, vira inacreditável e parece ficção.
Comentários