UM BEIJO ROUBADO – My Blueberry Nights

Cartaz do filme UM BEIJO ROUBADO – My Blueberry Nights

Opinião

UM BEIJO ROUBADO não tem nada a ver com uma comédia romântica típica. Nada mesmo. E não é para menos, trata-se de um filme franco-chinês. A áurea é de cinema cult, de filme de autor, deste cineasta do também belíssimo Amor à Flor da Pele. Wong Kar Wai traz nesta história de amor o inusitado, uma releitura da obviedade dos desencontros com o outro e consigo mesmo com uma linguagem visual que transita nas sutilezas da luz e da cor, da música e do silêncio, num dos mais belos filmes de amor.

A cantora Norah Jones faz aqui sua estreia como atriz. É dela a canção The Story, que embala seu personagem Elizabeth na busca pelo amor e pela pessoa que ela quer ser. Explico: Elizabeth mora em Nova York, é abandonada pelo namorado e vai até o bar em frente para deixar ali a chave do apartamento. Caso o namorado passe por lá, o dono do bar, Jeremias (Jude Law), poderia lhe devolver as chaves. Além das cores, do néon sempre marcante, das tomadas em câmera lenta de alguns pequenos detalhes, aqui já notamos que não se trata de uma história trivial.

Jeremias tem um pote pra isso: várias pessoas deixaram lá as chaves de casa para outra pegar. Chaves que contêm histórias de vida, como se alguém pudesse abrir sua porta interior e resolver as questões mais íntimas. Cansada de ser ela mesma e de se sentar no balcão do bar para comer torta de mirtilo (daí o título original ser My Blueberry Nights, referindo-se à blueberry pie), ela parte pelos Estados Unidos à procura de um outro eu.

Um road movie se instala. Elizabeth percorre o país trabalhando como garçonete em bares, cassinos e lanchonetes, onde se depara com figuras intensas e marcantes, que também sofrem por serem amadas demais ou de menos, também incorrigíveis, representadas pela bela Rachel Weisz e pela jogadora Natalie Portman. São elas que moldam a nova Elizabeth e suas noites regadas a beijos roubados no balcão do bar.

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