UM SANTO VIZINHO – St Vincent
Opinião
Pode parecer clichê e já vimos alguns filmes com o mesmo tema da amizade do improvável. Aliás, esse tipo de filme é aquele ideal para ver em família. Reafirma o valor da solidariedade e o peso da solidão – bons ingredientes para um filme sobre as dificuldades do convívio, mesmo que isso signifique, pelo menos à primeira vista, mais confusão do que solução. Um Santo Vizinho tem esses lugares-comuns, mas é gracioso, tem originalidade e ótimo elenco – acho, inclusive, que lugares-comuns como esse sempre terão espaço no cinema. São retratos da vida e das relações entre as pessoas. Só precisa ser criativo e encontrar um formato que divirta e toque o coração ao mesmo tempo. É aqui que se corre o risco de pastelão novelesco.
Mas com Bill Murray isso é meio difícil – ele consegue ser cômido e trágico ao mesmo tempo. Seu personagem Vincent é mal humorado e ranzinza, está sempre emburrado, é grosseiro e oportunista. Seu único momento de delicadeza é quando faz visitas à casa de repouso. Fora isso, vive resmungando. Inclusive quando Maggie (Melissa McCarthy) muda-se com o filho para a casa ao lado. Recém-separada, aceita a ajuda de Vincent para olhar seu filho Oliver enquanto não chega do trabalho. Da relação improvável e truncada, surge o reconhecimento e a amizade – vínculo cultivado naturalmente, capaz de amolecer até o mais duro veterano de guerra.
Um Santo Vizinho foi indicado para o Globo de Ouro de melhor filme comédia, mas perdeu para O Grande Hotel Budapeste. Gosto do mix de amargura de Murray, com a graça de Melissa McCarthy – sem que ela precisa plantar bananeira e fazer caras e bocas estilo pastelão – e a sinceridade do menino Oliver, na pele do ótimo Jaeden Lieberher. Naomi Watts entra com o clichê nos modos e na linguagem. Mas tudo bem, não está nela o maior holofote.
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